quarta-feira, 4 de abril de 2012

Memórias...

Tenho lido nos últimos dias, durante meu horário de almoço, o livro "Quase Memória" de Carlos Heitor Cony. Conheci o Cony  ainda na escola, por volta dos meus 13 ou 14 anos, quando matava as aulas de educação física na biblioteca (super nerd) e agora, 15 anos depois, lendo mais uma de suas obras, não me surpreende ter gostado tanto já naquela época.


Especificamente nesse livro ele descreve sua relação com o pai (não dá para saber muito bem o limite entre a realidade e a ficção), porém, de um modo tão preciso, tão detalhado, tão minucioso, que consegue nos transmitir sensações como se as tivéssemos vivenciado.

Me chamou a atenção um trecho em que ele descreve sua percepção e seus sentimentos com relação à época do ano quando ajudava seu pai a preparar os balões para as festas juninas. Fala com detalhes dos cheiros, das cores, da textura do papel e, por fim, fala do balão que o pai fez para ele, o qual guardou com cuidado por muitos anos.

"Esse balão, que nunca soltei, ficou amarrado à minha infância, se um dia eu chegasse a rei ou a bispo e tivesse direito a um escudo, nele mandaria gravar esse balão, logotipo do meu mundo, emblema de mim mesmo" (CONY, 1995, p. 100).


Impossível não lembrar de fatos da minha própria vida e não me agarrar a elas depois de ler esse livro. Sou extremamente nostálgica e muito apegada ao passado (Será por isso que gosto tanto de antiguidades?!). Penso que é dele que somos feitos.

Assim como o Cony, também sou detalhista, e minha memória não me engana; lembro-me de coisas muito pequenas de minha infância. Às vezes, uma música, ou um cheiro, ou a luminosidade de um ambiente, é o suficiente para me levar de volta ao passado.

Quando chove, por exemplo, me lembro de que ficava da janela vendo a chuva derreter as pontas dos lápis de cor que eu havia apontado e jogado no quintal. Depois de derretidas, surgiam várias matizes e laguinhos coloridos e eu queria que chovesse de novo para ver o tal fenômeno colorido.

Ainda hoje, em dias muito quentes, consigo sentir o gosto do suco de manga bem gelado que minha mãe fazia com os frutos da grande mangueira que havia em nosso quintal.

Semana passada fui a Vila Velha (minha cidade natal) visitar o convento da Penha.




O raio de sol entre as folhas da mata e o cheirinho de mato, me fizeram ouvir até a voz da "Tia" da 2ª série, quando levava aquela turma de crianças para fazer piquenique, dizendo: -"Fiquem todos juntos, em fila!" (Como se fosse possível, manter quietas e em fila 40 crianças de 8 anos de idade, todas eufóricas com o passeio incomum).



No caminho para o Convento, cumpri uma promessa que fiz para a Lilly do Blog da Reforma, e passei para tirar uma foto de uma casa linda, a qual eu sempre ficava namorando quando era criança porque ela tinha um nome: "Villa Nazareth". Para o imaginário de uma criança, uma casa que tem nome é uma casa mágica.



E cá entre nós: ela não continua parecendo mágica?

10 comentários:

  1. Adoreeei esse post, suas fotos, o livro e a casa mágica! ^^

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    1. Bia, você não se lembra de ter visto essa casa no Centro de Vila Velha? Na primavera fica a coisa mais linda, toda florida. Você ia adorar...

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  2. parece magica sim erica!
    vc entrou nela?
    a imaginaçao corre solta ne?
    vc sabe que compramos uma casa assim? meu marido passava numa asa e amava a aparencia dela... um dia entrou lá e o piso das salas era de pedra miracema! polida!
    ele se apaixonou pela casa e a namorou 5 anos.um dia ela ficou a venda e compramos
    hj nos a alugamos.
    nunca morei nela.
    ta lá no blog... achoque a categoria é outras casas.
    eu ate tinha sonos de morar lá...mas paassou!
    bjs
    lilian

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    1. Lilly, nunca entrei nessa casa não e acho que nunca vou ter essa oportunidade. Não conheço mais ninguém de lá. Ah, não achei no seu blog a casa que você falou. Beijinhos.

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  3. Tem coisa melhor do que gastar a hora de almoço na companhia de um livro? Ou conseguir sentir gostos e cheiros da infância? Lindas as tuas fotos Érica! Beijos e boa semana!

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  4. Oi!
    Vim retribuir a visita e adorei seu blog, adorei a reforma da cadeira, as receitas (huuummm!) dão água na boca! Estarei acompanhando pra ver o que vai fazer com o pallet :) E concordo contigo, lixar é a parte mais desanimadora
    bjs

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    1. Oi Marluce, bem vinda ao meu bloguinho. Também adoro seu blog. Mas, você não demonstra ser nada desanimada para lixar, porque eu sempre olho seus trabalhinhos lá no Guia do Marceneiro, viu? E aquela mesa de centro de quebra-cabeças linda e que deve ter dado o maior trabalho? Você está de parabéns! Agora o meu desânimo está me impedindo até de olhar para aquele pallet, kkkkkk... Que preguiça... Beijinhos.

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